Olá, pessoal!
Todos sabemos que o Karate é um caminho longo e sem fim na busca do aperfeiçoamento técnico e pessoal.
Essa busca de ser cada vez melhor do que você mesmo é o que define um Karateca que continua treinando durante toda sua vida.
Mas como funciona este caminho do aperfeiçoamento e como se atinge a maestria de uma arte?
Os japoneses tem um conceito, o ShuHaRi, que mostra as fases do aprendizado e domínio de qualquer coisa. Vem comigo para saber um pouco mais!
O conhecimento é um processo
Aprender qualquer coisa não acontece da noite para o dia. Não é porque você viu uma vez ou ouviu a explicação uma vez que você será capaz de fazer à perfeição o que quer que seja. Aprender é um processo e não podemos esquecer isto.
Este processo, óbvio, pode mudar um pouco de pessoa para pessoa em velocidade e até mesmo em como esta acha mais fácil gravar um conteúdo, seja em metodologia ou número de repetições, alguns exigem mais, outros exigem menos e isto está ok. Ninguém é igual.
O que não varia é o processo de sair do 0 de conhecimento à conseguir ser chamado de mestre. Por exemplo, ninguém escreve uma poesia sem antes conhecer as palavras.
É necessário que a pessoa primeiro aprenda o básico e tenha domínio dele para depois conseguir usar o que melhor se adapta a situação que ela está e em outro momento até mesmo, quem sabe, criar novos modos de fazer algo.
Nas artes marciais, este processo está bem simbolizado na estrutura do Shu-Ha-Ri, um passo-a-passo de 3 fases, como disse Jesse Enkamp, de como sair da falta de conhecimento até a maestria da técnica.
Este “passo-a-passo” pode ser pensado a tudo do Karate, desde um só movimento, uma sequência, um Kata, até mesmo um estilo inteiro.
Shu (守)
A primeira fase do aprendizado é o SHU, que literalmente quer dizer: Obedecer ou proteger.
É literalmente obedecer e seguir a risca o fundamento. Fazer tal qual o ensinado e procurar ao máximo emular as técnicas que lhes é passado. É uma fase que vai perdurar por todas as faixas, mas principalmente marca as faixas coloridas.
É necessário um forte conhecimento e embasamento dos movimentos e ser capaz de executá-los o mais corretamente possível para que se possa fazer qualquer outra coisa.
Mas tenha em mente, a fase de Shu nunca vai sair da sua vida, afinal você sempre vai estar aprendendo algo novo e é importante se permitir questionar o que já se sabe, quando apresentado a novas informações. Se permita aprender, copiar, tentar fazer igual, compreender e absorver. Ser uma esponja de conhecimento e de técnicas.
Ha (破)
A segunda fase do aprendizando é o HA, que literalmente quer dizer: Desfazer, se desprender, romper.
Após aprender a risca e pensar cada movimento tentando copiá-lo o mais próximo possível da forma exata é necessário parar de pensar nele.
Pode parecer que é algo completamente sem propósito, mas, após se dominar o movimento, pensando, refletindo e tentando copiá-lo, você literalmente deve deixar seu corpo fazer sozinho. É a fase da memória muscular, é conseguir fazer sem estar pensando. É agir por reflexo e não por estar conscientemente pensando e refletindo sobre a técnica ou Kata, por exemplo.
Sair da fase de SHU para a fase de HA é difícil, mas é essencial para que o Karate faça parte de você.
É neste momento que em um Kata você não reflete mais no movimento em si, ele só acontece. E em uma situação de Kumite, o movimento sairá de acordo com a melhor situação em que você estiver, com quais seu corpo melhor funciona e em relação ao seu oponente. Na vida e no dia a dia, sua reação vai ser mais confortável, mais você, depois que você já sabe quem você mesmo é.
Funakoshi nos falava isso na máxima do Niju-Kun, no treino é de um jeito (SHU) na prática é diferente (HA).
Ri (離)
A terceira e última fase do aprendizado é o RI, que literalmente quer dizer: Transcender, ir além, superar.
É a fase mais difícil e que exige diretamente que as duas outras tenham sido dominadas. Aqui não há mais forma e regra, é, a partir dos conhecimentos que você possui, conseguir superá-los e criar.
É ir além do que você aprendeu, é surpreender e inovar. Usar o que melhor serve para você, utilizar coisas de uma maneira diferente é não ter mais limitações.
Resumindo
Para entenderem um pouco melhor, pensemos em termos de música.
Quando se está aprendendo a tocar qualquer instrumento:
1 – Shu – Você pega a partitura e tenta fazer igual.
2 – Ha – Você não precisa mais da partitura, pois já decorou a sequência.
3 – Ri – Você começa a improvisar nas músicas que conhece e criar suas próprias músicas.
E tudo outra vez
Pense nesse procedimento como cíclico e contínuo. Tudo que é aprendido pode e deve ser sempre revisto e revisitado, mantendo o shoshin, sem cometer o erro de achar que já se sabe qualquer coisa a perfeição, dessa forma estamos sempre aprendendo e aperfeiçoando nossos conhecimentos e técnicas.
Fora que praticar o fundamento é sempre importante para o entendimento da técnica, acreditem, até mesmo técnicas que você treina há 20 anos, se você continuar treinando, vai ter um dia que você vai compreender algo que seu sensei sempre falou e você achava que era só modo de falar.
E aí?!
Vamos treinar?
Osu!
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Shuhari
https://en.wikipedia.org/wiki/Shuhari
https://cardplayer.com.br/revistas/112/shu-ha-ri-as-fases-do-aprendizado/2527
Oyama Academy 
2 comentários em “Shu-Ha-Ri. O caminho para se tornar um mestre.”